segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Asas


Tento dormir, o sono está por aqui, mas os sonhos parecem se antecipar. Desconsidero este estado como insônia. É minha imaginação dizendo "Escreva, escreva!". As palavras se confundem em minha mente. A virtualidade se embaraça com a imaginação. Penso em muitas coisas ao mesmo tempo, uma após a outra, ou desordenadamente. O que me preocupa ou me incomoda muitas vezes, passa longe da realidade. A todo momento, tenho que me lembrar que minha vida é o real e não somente sonho. Meus pés parecem ter asas. Mas o que quero é voar mesmo!

Brasileiros recomendam

Revista > Edição 28 - Novembro/2009 >

Geisa Mara de Castro, jornalista, Divinópolis (MG)


FILME: Palavra (En)Cantada
Haja fôlego para acompanhar o documentário longa-metragem de Helena Solberg e Marcio Debellian, tamanha beleza de depoimentos, ricos em palavras cheias de sons e de silêncios. Músicos, poetas, compositores, intérpretes, brasileiros. Melodia, ritmo, canto, poema, letras. Um filme que emociona, interrompe a respiração, nos leva a um deslumbramento, passeando entre a música e a poesia brasileiras.

http://www.revistabrasileiros.com.br/edicoes/28/textos/763/

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Outro dia...

Felicidade é uma condição pra se sentir leve? Ou uma delas? Vários sentimentos trazem o sentimento felicidade. Como se este fosse consequência de vários somados ou multiplicados. Energia boa se propaga, alastra, contamina, protege, vibra. Vibrações - uma palavra que vibra, que acontece desde o momento em que é pronunciada. O que eu sinto agora é alívio desaguado em felicidade.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Pé carregado

EMPTY

Tem dias que a gente se sente assim.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Aos vivos


Hoje eu quero falar sobre o primeiro disco de Chico César. Sobre músicas que profundamente influenciaram meu pensar. O cd "Aos vivos" gravado ao vivo entre 24 e 26 de junho de 1994 em São Paulo e lançado em 1995. Queria estar lá. Tambores com apenas cordas - "são tambores os tambores" - de um violão. O primeiro impacto foi exatamente na primeira faixa do disco, Béradêro. Somente a voz cantando, falando dos "olhos tristes da fita rodando no gravador". Nela, as possibilidades de encontro da língua portuguesa brasileira ficam evidentes. Letras nas palavras nas formas na sequência mais inusitada. Nesse disco, conheci Mama África à primeira vista ao som de tambores percebi que alma não tem cor! É colorida! Uma dúvida cruel na prosa impúrpura do caicó. Saharienne, saharienne, saharienne. Benazir, mulher eu sei. Como clandestino nato num templo eu vi a dança. Paraíba. Foi ali que conheci Lenine, sua voz e seu violão. Que descoberta: Chico César e Lenine de uma vez é desconcertante, é muito!

"No meu cérebro crepita
uma dúvida martelo
minha alma se agita aflita
tragédia grega desdita
flagelo dor pesadelo"

(Dúvida cruel, de Itamar Assumpção e Chico César)
"Aos vivos" com participação especial de Lenine e do "legendário guitarrista" Lanny Gordin.
Observações: Esse disco é tão grande pra mim quanto pra meus irmãos e minha irmã. Foi um grande amigo que nos presenteou com essa beleza.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Profusão de luzes e cores


Avesso Horas Proposta Vagão Trem Leitura Qualquer coisa Rabisco Paragem Espaço Nuvem Contêiner Armazém Goiabada Prosa Candeeiro Lampião Porteira Retrato Minas Em tanto Mas Então Céu Relógio Tempo Água doce Rio Combinação Alaranjado Lua Lunar Laranjeira Montanha Morena Digital Acalanto Essência Perfume Repente Interativo Então Remasterizado Zeroum Binário Paisagem Multidões Entremeios Cadência Cadenciado Embarcação Encanto Gerais de Minas das Gerais.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Palavra (En)cantada


Filme lindo. Um documentário longa-metragem (86 min), de Helena Solberg e Marcio Debellian. Um encantamento na cidade de encantos mil. Dia 30 de setembro, às 19 horas dentro do Festival do Rio. Essa foi minha experiência de deslumbramento passeando entre a música e a poesia, e a mistura delas.

"O filme conta com a participação de Adriana Calcanhotto, Antônio Cícero, Arnaldo Antunes, BNegão, Chico Buarque, Ferréz, Jorge Mautner, José Celso Martinez Correa, José Miguel Wisnik, Lirinha (Cordel do Fogo Encantado), Lenine, Luiz Tatit, Maria Bethânia, Martinho da Vila, Paulo César Pinheiro, Tom Zé e Zélia Duncan. Imagens de arquivo resgatam momentos sublimes de Dorival Caymmi, Caetano Veloso e Tom Jobim."

Haja fôlego para acompanhar tamanha beleza de depoimentos ricos em palavras cheias de sons e silêncios. A música brasileira. Poesia brasileira. Músicos, poetas, compositores, intérpretes, brasileiros. O instante entre a primeira imagem e o acender das luzes foi profundo e intenso. Melodia, ritmo, canto, poema, letras. O compositor é poeta? A letra de música é poesia? Pra que saber isso... O que importa é o que emociona, o que provoca sentimentos, o que aflora à pele, o que interrompe a respiração, o que nos leva a sentir os pés fora do chão. É o que faz esse filme com a gente... estarrece, emociona, ilumina! Um espetáculo.

Em preto e branco



Poucas pessoas na sala de aula improvisada para a exibição do filme. Era manhã de sábado e os rostos sonolentos demonstravam a animação dos alunos que por algum motivo estavam ali. "O Pagador de Promessas" em preto e branco. Qual o sentido de assistir àquele filme? O entusiasmo vinha espontaneamente daquela pessoa, a professora. Será que o motivo de tamanha euforia seria o significado de tal obra? Partindo de uma peça de Dias Gomes, Anselmo Duarte dirigiu o filme que foi até o Festival de Cannes e trouxe o Palma de Ouro em 1962.

Primeira foto: Geraldo D'El Rey e Glória Menezes em O pagador de promessas de Anselmo Duarte (1962).
Segunda foto: Leonardo Vilar em O pagador de promessas.

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Águas turvas


Por medo ou insegurança se escondia em palavras e movimentos escusos. Pensava que não havia opiniões sobre todas as coisas na sua cabeça. Apesar de ser estranho, isso soava como normalidade aclimatada ao seu modo de agir. Ter certeza das coisas era algo inadmissível e inalcançável para ela. Até seus primeiros passos eram determinados por alheios. Ruminava esta condição consigo mesma. Era sensato, mas dava uma ideia de pé no chão demais. Ela não queria estas amarras. Queria sair do cais.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Arte pra comer

Um espaço para pessoas que gostam de gostar ou fingir que gostam de cinema. Olhos compenetrados no que olham. Letras miúdas, muitas páginas. Muitas para o momento que somam apenas alguns minutos. A escolha é importante e determinante. Uma caneta e um papel previamente formatado para tal fim. Escolha para facilitar o trabalho de outros. Será que fiz minha própria escolha? Uma parte sim é minha e outros pedacinhos colados ali podem até pertencer a mais alguém. Mais um cardápio para fazer o pedido. Self service de filmes. Eu não pago pelo quilo, mas pela unidade. E há ainda sobremesas que para mim tem o papel de prato principal. Sentados, postados, compenetrados. Um local, um horário, um papel, um presente. O real e o imaginário de sonhos, sentidos, sensações diretamente da grande tela para a pele e mente numa absorção pronta, fugaz, vital. Um sopro na alma.

Reparo/observação

Ela desce/anda pela rua quase depressa, no instante/espaço entre a pressa e o devagar. Um vento/uma brisa sopra seu rosto. Ela fecha os olhos e se arrisca (entrega) a caminhar de olhos fechados, mais devagar. Sua bolsa balança descompassada ao ritmo das pernas, mas não atrapalha o movimento.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Norte

Errante por caminhos errados, cometeu erros. Não disse o verdadeiro sentimento. Às vezes é bom não responder à pergunta não feita.

sábado, 29 de agosto de 2009

Azul

O dia começou mais cedo naquele dia. Porque o dia normalmente começava às nove da manhã chegando ao escritório. Mas, o dia era especial. Acordou e começou a esperar. A espera aumentava à medida que a saudade diminuía. As horas passavam e seus olhos tinham mais brilho. As pessoas lhe sorriam por nada. A confusão das ruas já não incomodava. O céu ficou mais azul. Tão azul! Que dia! Um dia comum, não fosse a espera para o acontecimento daquele dia. Leve. Sentia-se leve. Podia voar a qualquer momento. Mas ainda não. Escolheu aquela roupa, aquele sapato, aquele olhar, aquela felicidade, aquele sorriso, aquele abraço, aquele, aquela, isso também, também e também. Um café, um queijo quente, um almoço, algum trabalho, algumas horas, minutos a mais. Na saída para outro lugar, esperou seu amor chegar. Uma parada, a porta se abriu, um caminhar de lá, outro de cá, olhares, dois sorrisos num só, um abraço dentro do outro. Já era noite. Foram assim, de mãos dadas, caminhando para a beira de um outro lugar.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Despertar

Ouço zumbidos, vozes, barulhos, passos alheios! Não, não, não quero isso! E o que está em mim? Adormece! Quero o meu querer! E não de tolos! Quero minha imaturidade que se transforma a cada dia numa pseudomaturidade! Um quase que me parece total, pleno! Sinto a minha voz fraca e rouca de tanto gritar para se fazer ouvida! Um obstáculo parecido com uma montanha intransponível diz que é impossível! Esse é meu corpo! Esse sou eu!

Leveza

Você não disse, a música também não. O nome era "Amor", mas falava de simples e suaves coisas.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Logo depois


A serra abraça a cidade e a mim, acolhe. Deito em seu colo e me aninho em seus braços como quem se entrega ao grande amor. Um abismo que conforta, pelo instante de cada instante.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Beleza

Eu ou ela ou ele. Alguém sem nome, sem rótulos, sem cara, andava por aí. Ninguém perguntava seu destino. Apenas ia em busca de sabe-se lá o que! Ia... O sorriso estava ou não nos seus lábios. Seus olhos eram puro desejo de encontro! Um cansaço causado pelas interrupções inevitáveis da vida: uma pausa, uma vírgula, um ponto e vírgula, uma interrogação! Palavra dita ou pensada gerava um movimento enérgico em algum sentido. Consequências no seu trajeto, no seu projeto, no seu aspecto! Dançava uma música, aquela que não se ouve na confusão de outras. Apenas no silêncio ela se propaga firme e clara em suas notas. Via-se de longe, pernas, pés, braços, corpo num movimento único cheio de música.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Estante


Confesso. Eu tenho aquele amor tátil - pelos livros - votado aos cigarros. Tocar os livros, tê-los em meu poder por alguns instantes é algo que me alivia e me satisfaz momentaneamente. Claro, o meu desejo de devorá-los quase nunca é completamente saciado porque nas entrelinhas existem entrelinhas, espaços, lacunas, que são reticentes.

É um sentimento que não finda num primeiro contato. Há um processo de reconhecimento de campo: leio a capa, a contracapa, a introdução, o índice. Aí começo a leitura do texto do livro em si. Este é um caminho sem volta. Entro num mundo novo ou nem tão desconhecido onde as ideias buscam se entrelaçar produzindo algum sentido.

Palavras, conceitos, situações, emoções que de alguma forma alteram o meu modo de entender o mundo. Conheço pessoas, lugares, nomes; mas também invento tudo, porque o que mais se encontra em jogo é minha imaginação.

A cada leitura me reconstruo de tantas maneiras que já não defino o que em mim já possuía. Sou o que leio, o que penso, o que experiencio, o que sinto, o que vivo.

Mas aquele velho amor tátil, eu o mantenho, ou talvez seja ele que me mantém.

domingo, 2 de agosto de 2009

Sou eu...

À flor da pele, estão meus sentimentos mais intensos que reverberam em meu corpo estendendo-se à minha alma. Eu não sei se acontece o contrário. Se é do corpo pra alma ou da alma pro corpo. Sinto apenas o eco em mim. Meu coração, numa constante taquicardia, acelera meus movimentos, altera minhas feições, que às vezes me entregam, denunciando, aos mais sensíveis, o que eu sinto, o que eu gostaria de fazer. Meu rosto expressa tão claramente meus desejos, que se me olhar no espelho, acredito eu mesma, que concretizei todos eles e com tamanha perfeição.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Primeiros atos

Alimentava-se de frutas frescas pela manhã. Os seus olhos procuravam a tigela, o leite, a granola. As frutas estavam ali, salvas em sua estabilidade resguardada. Num processo automatizado, suas mãos abrem portas e gavetas organizando tudo sistematicamente. Está pronto o seu café da manhã.
Enquanto o preparava, reorganizava as tarefas do dia numa lista mental que já se encontrava materializada em sua agenda de compromissos. "Tenho que comer em quinze minutos, porque daqui a pouco tenho que correr para a academia. Ai meu Deus, que preguiça! Hoje tenho reunião com aquele cliente insuportável!"
Satisfeita, vai ao banheiro escovar os dentes. E vê no espelho o que é surpreendente. Já se passaram anos.
Do outro lado...
Uma mulher fechava a janela por medo das abelhas. O sol era bom, mas a lua, melhor. Tinha fotossensibilidade. Talvez suas lágrimas pela manhã representavam sua saudade dos raios lunares. Todas as manhãs, havia um ritual, pra não dizer rotina. Tinha horror a essa palavra cotidiana que lhe lembrava coisas banais, a banalidade.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Excerto



[...] Algo o despertou de seu quase sonho. De súbito, levantou-se e sem pensar pegou as chaves da porta que limitava uma realidade da outra. Antes de sair, olhou-se no espelho. Parecia mais velho, por pouco não se reconheceu. Desceu os poucos degraus da escada, encontrou a porta escancarada. Saiu. Caminhou por alguns minutos, sem reparar na paisagem que o abordava. Apertou os passos. Correu um pouco. Parou. “Era disto que precisava!”, pensou com certeza instantânea. Uma respiração mais profunda provocou um alívio, uma satisfação gratuita. [...]
(Esse texto é um trecho do conto "Beira da linha", escrito por mim e inscrito no Prêmio OFF FLIP de Literatura 2009.)
Os textos postados neste blog são partes de grandes amontoados de palavras. São extraídos de contos escritos em variados tempos, espaços e situações. As fotos que, muitas vezes, os acompanham são quase sempre originadas de uma câmera fotográfica de um celular. Pois é... é de certa forma o que faço...

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Se

Uma mulher confusa com seus sentimentos. Não sendo uma condição ímpar, parte daí o seu questionamento interminável e implacável, cheio de preconceitos autoimputáveis. Várias mulheres passeiam por sua mente e um homem, aquele resultado do conjunto de tantos outros.
Indistintamente, reage e sonha como outras mulheres. Ela não admite tal condição: a de sonhadora, mas seus olhos a traem, oferecendo sua alma que voa em ares mágicos e inalcançáveis por outrem.

domingo, 19 de julho de 2009

Rotas alteradas


Eu ia por ali, mas tropecei na pedra e meu caminho mudou. Minha percepção não é tão aguçada. Não houve diferença já que tudo acontecia pela primeira vez daquela forma. Num esforço, tentei manter a direção. Sua voz me distraiu e olhei pra trás, dei uma quase volta em mim mesma e fui pra outro lado. Como não tinha bússola, meu norte mudou e me encontrei com o inesperado.

sábado, 18 de julho de 2009

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Ideias aladas


Adoro um bloco. As ideias surgem a todo momento. Por isso, preciso de papel e caneta ao meu alcance. Elas vem e fogem rapidinho! É um instante atrás do outro. Penso e já se foi.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

terça-feira, 7 de julho de 2009

Roupas no varal


Ele caminha e caminha por um caminho meio inventado, metade conhecido. Seus pés avançam por ali e lá. Seu corpo, não por esperteza, o acompanha. Já não faz calor. A paisagem é diferente, mas é a mesma. Assim como sua natureza que não se modifica, apenas muda de roupa.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Momentos de calafrio

Esse vento, novamente em minhas costas, faz-me lembrar do que eu fui um dia. Momentos vários passam por instantes em minha mente. Coisas que não gosto de lembrar se exibem com uma ousadia tamanha me afrontando e afirmando: eu estou aqui, você realmente viveu isto.

Coisas

Chega de falar de outrem que já esqueço e assumo, sei que está em mim, mas abstraio o todo você inconveniente e incompleto. Eu quero falar de outras coisas, coisas mesmo, coisas inumanas, talvez inanimadas.

Esta cadeira por exemplo. Quero falar dela. Sento em cima, encosto minhas costas, e permaneço ali por um tempo não cronometrado. Jogado e esquecido, meu corpo simplesmente desaba naquela coisa. Coisa inanimada.

Aquela Mulher


Desde o primeiro momento em que me foi feita aquela proposta, a de observar esta mulher ou menina, fiquei um pouco apreensiva. Um dia seria pouco para tentar entender seus olhares, suspiros, tons de voz, trejeitos. Mas, mesmo assim, aventurei-me neste desafio e observei e observei e observei.

Ao acordar, aquela mulher parece-me sonolenta por uns bons minutos. A voz mais grave denuncia esta condição. Vai ao banheiro, volta ao quarto e arruma sua cama. Nesse frio de inverno, ela se cobre com dois edredons. Dá bom dia à mãe e ao pai, continua sonolenta.

Suspira. Vejo um semblante de “que horas são?”, “o que farei hoje?”, “tenho que me disciplinar”, “quais são meus planos?”. Um leve desespero tenta dominar sua mente, mas uma alegria retumbante inunda seu corpo que dança ao som de músicas imaginárias.

Ela corre pela casa aos pulos! Pensa em qual tipo de música quer ouvir. Pelo que vi, ela adora seus vinis, antigos, herdados ou pertencentes aos pais; alguns seus, certamente. Percebo que alguns dos seus preferidos ficam em seu quarto, abaixo do som, do aparelho de som. Decidida, escolhe uma música.

Ela canta, ela dança, ela fecha os olhos, ela sonha. Seus sonhos parecem estar estampados em seu quarto; seus sonhos refletidos em seus pertences, em suas ações, em sua roupa, em sua casa. Talvez a música seja sua parceira neste processo.

Agora, ela chama sua mãe, corre pela casa ao seu encontro. Elas conversam sobre tantas coisas que não consigo enumerá-las aqui. Com seu pai, ela conversa um pouco, porque, pelo que vejo, adora assistir televisão.

Pronto. Já é hora do almoço, ao menos para ela. Às onze, ela já está trabalhando, por isso tem que almoçar mais cedo. Sai às pressas para o trabalho e caminha por ruas menos movimentadas para chegar a tempo.

Chegando lá, ela sorri para seus colegas de trabalho dizendo bom dia. Alguns retribuem. Brinca com alguns poucos. Eles dão risadas. Começa, então, a seqüência de atendimentos, um atrás do outro. Ela recebe todos de uma forma gentil e alegre, buscando resolver os possíveis problemas que surgem.

Ela me parece satisfeita com o seu trabalho, mas não realizada. Várias vezes durante o dia, ela fica com o olhar distante, e faz anotações em um pedaço de papel. Estas devem ser importantes pois são ocultadas das pessoas que passam por perto.

Ao fim do dia, ela caminha para casa, novamente às pressas, toma um rápido banho, come alguma coisa e vai à faculdade. Neste lugar, ela sente que está no caminho que deve estar, percebe que tem muito o que aprender e muito o que caminhar.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Eco


Acordou tarde. Pensou que seria a solução não ver a noite se esvaindo. Era preciso mais, mais alguma coisa para esquecer. Sabia sobre o seu sentimento: tristeza não era. Um aperto no peito, algo que doía. Talvez, tristeza sim. Mas pouquinha. Depois do susto, da confusão de pensamentos, seu corpo aguentava as consequências. Fisicamente. A dor vinha, dançava e permanecia por alguns momentos. Respirava uma vez profundamente, ela voltava fazendo-o curvar sobre si mesmo. Sabia sentir esse peso, mas não gostava. Queria se livrar de tudo, mas o tempo era curto. Curto demais! Sonhava com o grito. O grito libertador! O grito, o grito!

domingo, 17 de maio de 2009

Inusitados


Com os olhos brilhantes, ele se esteira no vão da porta. Olho-o dos pés à cabeça como costumeiramente faço com todos que observo. Sua força é o que mais salta aos olhos me atingindo como um soco seco e oco.
Ele retribui meu olhar com um falso alegre sorriso. Insano! Como ousa me desafiar, julgando-se superior a mim, a meus atos, meus complexos, meu desmazelo? Ah... minha paciência está chegando próxima ao basta-me! Tolo! Não vê que te amo? Mas o amor tem seus limites ou, talvez por não tê-los, é confundido e misturado com tantos outros sentimentos.

É de manhã!


Ter certeza dos momentos que viverei e presenciá-los antes mesmo de tudo acontecer é uma forma de certamente vivê-los um dia. Alimentar esses sonhos é algo delicioso de sentir. Totalmente excitante.

Fuga


Dentro daquela sala, direcionava seu olhar para um orifício retangular disposto verticalmente na porta, acima da maçaneta. Havia ali, no lugar da madeira, vidro. Era através deste vidro que percebia o mundo exterior àquela ilha de edição.

quinta-feira, 30 de abril de 2009

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Como se esquece as palavras

Quando estou diante do papel com a pena em minhas mãos, as palavras me fogem. Brincam de fugir de mim, como crianças que correm umas das outras numa brincadeira de "pega". Entro num suave desespero percebido então somente por mim, pois interiorizado em meu corpo, esse sentimento ri de mim e escarnece a minha reação diante de sua audácia.
Esse desespero vem da vontade de escrever e não conseguir; da vontade de beijar e não ter você aqui; da vontade de me jogar e perceber que estou já no chão. As músicas ajudam-me um pouco mas não são remédios eficazes, apenas paliativos fugazes.
O que eu quero não é interessante a ninguém. Somente eu preciso ter esse conhecimento e sofrer com isso. Sinto uma frustração chata, incômoda, inútil.