sábado, 29 de agosto de 2015

Alaranjado

Impressionista

Uma ocasião,
meu pai pintou a casa toda
de alaranjado brilhante.
Por muito tempo moramos numa casa,
como ele mesmo dizia,
constantemente amanhecendo.

Adélia Prado

Do livro Bagagem. Ed, revisada. 24ª ed. Rio de Janeiro: Record: 2007.

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Quem me leva os meus fantasmas

Simplesmente, naquele momento, no deslumbre de um show, num encantamento só e único, minha vida mudou. Sim, mudou alguma coisa aqui dentro. Algo se agitou, mudou de posição, desorganizou tudo ali, colocando de ponta a cabeça, invertendo o ciclo das energias, acelerando o coração, aprofundando a respiração, elevando os sentidos, transportando o que eu era para outro lugar. E, de repente, num arrebatamento, eu sabia quem eu era e que deveria estar ali.

Estreia do show "Carta de Amor" de Maria Bethânia, Rio de Janeiro,18 de novembro de 2012.

http://www.youtube.com/watch?v=T4M2gbqGeJM&feature=plcp

QUEM ME LEVA OS MEUS FANTASMAS

Aquele era o tempo
Em que as mãos se fechavam
E nas noites brilhantes as palavras voavam,
Eu via que o céu me nascia dos dedos
E a Ursa Maior eram ferros acesos.
Marinheiros perdidos em portos distantes,
Em bares escondidos,
Em sonhos gigantes.
E a cidade vazia,
Da cor do asfalto,

E alguém me pedia que cantasse mais alto.

Quem me leva os meus fantasmas,
Quem me salva desta espada,
Quem me diz onde é a estrada?


Aquele era o tempo
Em que as sombras se abriam,
Em que homens negavam
O que outros erguiam.
E eu bebia da vida em goles pequenos,
Tropeçava no riso, abraçava venenos.
De costas voltadas não se vê o futuro
Nem o rumo da bala
Nem a falha no muro.
E alguém me gritava
Com voz de profeta
Que o caminho se faz
Entre o alvo e a seta.

Quem leva os meus fantasmas,
Quem me salva desta espada,
Quem me diz onde é a estrada?

De que serve ter o mapa
Se o fim está traçado,
De que serve a terra à vista
Se o barco está parado,
De que serve ter a chave
Se a porta está aberta,
De que servem as palavras
Se a casa está deserta?

Quem me leva os meus fantasmas,
Quem me salva desta espada,
Quem me diz onde é a estrada?

De Pedro Abrunhosa, LP Luz, 2007

sábado, 28 de abril de 2012

Quinze e Vinte

Belo Horizonte, Minas Gerais, 25 de março de 2012

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Mu...dança

Às vezes, é tão difícil enxergar o óbvio. O que te leva, o que te move, o que realmente faz sentido na vida. Mas, sempre é tempo, nunca é tarde, pode não ser cedo, mas ainda há tempo. Se estiver respirando, se joga. Vale a pena. Risco? Medo? Dúvida? Se toda sua força vier lá do íntimo, do âmago, deve ser boa! Se precisar, mude a direção, o caminho, mas não pare, sempre em frente pra não perder o trem, o bonde, o ônibus, a linha, a magia, o momento, o sentimento, o sentido, a verdade, a identidade, o Ser Eu, o Eu sou.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Dias de chuva

Qualquer chuva que dure alguns minutos altera o vai e vem das pessoas pelas ruas da cidade do Rio de Janeiro. O trânsito que, já não é dos melhores, fica caótico. Alagamentos surgem por todos os lados numa rapidez impressionante. Quase sempre há queda de energia ocasionando congestionamentos e um calor insuportável dentro de casas ou qualquer outro lugar fechado.

Ontem, estava saindo de casa quando começou uma chuva muito forte cheia de relâmpagos e trovões. Estava assustador. Foi possível sair depois de vinte minutos. Com chuva, é claro. Consegui chegar ao ponto de ônibus quase seca. Nesses momentos, é preciso ter algumas estratégias para não tomar aquele banho de água suja quando os carros passam voando.

A espera pelo ônibus foi pequena, não estava lotado e até consegui um lugar pra sentar. Mas, em dias de chuva, os ônibus se atrasam, então quando passa um, entra um mundo de gente. Os lugares preferenciais normalmente são ocupados por quem não precisa deles. E pior, eles não são reivindicados pelos idosos que ficam em pé. É raro o contrário acontecer.

Cedi meu lugar a uma senhora que estava se desequilibrando naquela correria do motorista. Fiquei em pé durante muito tempo. Situação bem desagradável. O ônibus lotado, as pessoas totalmente sem noção tentavam passar de qualquer jeito. Pisaram no meu pé, me empurraram várias vezes e até bati minha barriga numa daquelas alças dos bancos. Isso é tão normal que nem me lembro depois quando sinto alguma nova dor no corpo.

Passadas as dificuldades corriqueiras, cheguei ao meu destino com a ajuda de um passageiro e do trocador. Quando voltei, a chuva já havia parado, estava mais fresco, já era noite, e cheguei bem em casa. 

Outro dia, fiz alguns registros de um dia chuvoso na Zona Norte do Rio. Vou postar aqui dois vídeos, o primeiro mostrando o trânsito próximo a UERJ, o segundo, calçadas submersas na Avenida Amaro Cavalcanti no Méier.




terça-feira, 1 de fevereiro de 2011