terça-feira, 28 de julho de 2009

Primeiros atos

Alimentava-se de frutas frescas pela manhã. Os seus olhos procuravam a tigela, o leite, a granola. As frutas estavam ali, salvas em sua estabilidade resguardada. Num processo automatizado, suas mãos abrem portas e gavetas organizando tudo sistematicamente. Está pronto o seu café da manhã.
Enquanto o preparava, reorganizava as tarefas do dia numa lista mental que já se encontrava materializada em sua agenda de compromissos. "Tenho que comer em quinze minutos, porque daqui a pouco tenho que correr para a academia. Ai meu Deus, que preguiça! Hoje tenho reunião com aquele cliente insuportável!"
Satisfeita, vai ao banheiro escovar os dentes. E vê no espelho o que é surpreendente. Já se passaram anos.
Do outro lado...
Uma mulher fechava a janela por medo das abelhas. O sol era bom, mas a lua, melhor. Tinha fotossensibilidade. Talvez suas lágrimas pela manhã representavam sua saudade dos raios lunares. Todas as manhãs, havia um ritual, pra não dizer rotina. Tinha horror a essa palavra cotidiana que lhe lembrava coisas banais, a banalidade.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Excerto



[...] Algo o despertou de seu quase sonho. De súbito, levantou-se e sem pensar pegou as chaves da porta que limitava uma realidade da outra. Antes de sair, olhou-se no espelho. Parecia mais velho, por pouco não se reconheceu. Desceu os poucos degraus da escada, encontrou a porta escancarada. Saiu. Caminhou por alguns minutos, sem reparar na paisagem que o abordava. Apertou os passos. Correu um pouco. Parou. “Era disto que precisava!”, pensou com certeza instantânea. Uma respiração mais profunda provocou um alívio, uma satisfação gratuita. [...]
(Esse texto é um trecho do conto "Beira da linha", escrito por mim e inscrito no Prêmio OFF FLIP de Literatura 2009.)
Os textos postados neste blog são partes de grandes amontoados de palavras. São extraídos de contos escritos em variados tempos, espaços e situações. As fotos que, muitas vezes, os acompanham são quase sempre originadas de uma câmera fotográfica de um celular. Pois é... é de certa forma o que faço...

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Se

Uma mulher confusa com seus sentimentos. Não sendo uma condição ímpar, parte daí o seu questionamento interminável e implacável, cheio de preconceitos autoimputáveis. Várias mulheres passeiam por sua mente e um homem, aquele resultado do conjunto de tantos outros.
Indistintamente, reage e sonha como outras mulheres. Ela não admite tal condição: a de sonhadora, mas seus olhos a traem, oferecendo sua alma que voa em ares mágicos e inalcançáveis por outrem.

domingo, 19 de julho de 2009

Rotas alteradas


Eu ia por ali, mas tropecei na pedra e meu caminho mudou. Minha percepção não é tão aguçada. Não houve diferença já que tudo acontecia pela primeira vez daquela forma. Num esforço, tentei manter a direção. Sua voz me distraiu e olhei pra trás, dei uma quase volta em mim mesma e fui pra outro lado. Como não tinha bússola, meu norte mudou e me encontrei com o inesperado.

sábado, 18 de julho de 2009

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Ideias aladas


Adoro um bloco. As ideias surgem a todo momento. Por isso, preciso de papel e caneta ao meu alcance. Elas vem e fogem rapidinho! É um instante atrás do outro. Penso e já se foi.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

terça-feira, 7 de julho de 2009

Roupas no varal


Ele caminha e caminha por um caminho meio inventado, metade conhecido. Seus pés avançam por ali e lá. Seu corpo, não por esperteza, o acompanha. Já não faz calor. A paisagem é diferente, mas é a mesma. Assim como sua natureza que não se modifica, apenas muda de roupa.