terça-feira, 28 de julho de 2009

Primeiros atos

Alimentava-se de frutas frescas pela manhã. Os seus olhos procuravam a tigela, o leite, a granola. As frutas estavam ali, salvas em sua estabilidade resguardada. Num processo automatizado, suas mãos abrem portas e gavetas organizando tudo sistematicamente. Está pronto o seu café da manhã.
Enquanto o preparava, reorganizava as tarefas do dia numa lista mental que já se encontrava materializada em sua agenda de compromissos. "Tenho que comer em quinze minutos, porque daqui a pouco tenho que correr para a academia. Ai meu Deus, que preguiça! Hoje tenho reunião com aquele cliente insuportável!"
Satisfeita, vai ao banheiro escovar os dentes. E vê no espelho o que é surpreendente. Já se passaram anos.
Do outro lado...
Uma mulher fechava a janela por medo das abelhas. O sol era bom, mas a lua, melhor. Tinha fotossensibilidade. Talvez suas lágrimas pela manhã representavam sua saudade dos raios lunares. Todas as manhãs, havia um ritual, pra não dizer rotina. Tinha horror a essa palavra cotidiana que lhe lembrava coisas banais, a banalidade.