sábado, 29 de agosto de 2009

Azul

O dia começou mais cedo naquele dia. Porque o dia normalmente começava às nove da manhã chegando ao escritório. Mas, o dia era especial. Acordou e começou a esperar. A espera aumentava à medida que a saudade diminuía. As horas passavam e seus olhos tinham mais brilho. As pessoas lhe sorriam por nada. A confusão das ruas já não incomodava. O céu ficou mais azul. Tão azul! Que dia! Um dia comum, não fosse a espera para o acontecimento daquele dia. Leve. Sentia-se leve. Podia voar a qualquer momento. Mas ainda não. Escolheu aquela roupa, aquele sapato, aquele olhar, aquela felicidade, aquele sorriso, aquele abraço, aquele, aquela, isso também, também e também. Um café, um queijo quente, um almoço, algum trabalho, algumas horas, minutos a mais. Na saída para outro lugar, esperou seu amor chegar. Uma parada, a porta se abriu, um caminhar de lá, outro de cá, olhares, dois sorrisos num só, um abraço dentro do outro. Já era noite. Foram assim, de mãos dadas, caminhando para a beira de um outro lugar.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Despertar

Ouço zumbidos, vozes, barulhos, passos alheios! Não, não, não quero isso! E o que está em mim? Adormece! Quero o meu querer! E não de tolos! Quero minha imaturidade que se transforma a cada dia numa pseudomaturidade! Um quase que me parece total, pleno! Sinto a minha voz fraca e rouca de tanto gritar para se fazer ouvida! Um obstáculo parecido com uma montanha intransponível diz que é impossível! Esse é meu corpo! Esse sou eu!

Leveza

Você não disse, a música também não. O nome era "Amor", mas falava de simples e suaves coisas.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Logo depois


A serra abraça a cidade e a mim, acolhe. Deito em seu colo e me aninho em seus braços como quem se entrega ao grande amor. Um abismo que conforta, pelo instante de cada instante.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Beleza

Eu ou ela ou ele. Alguém sem nome, sem rótulos, sem cara, andava por aí. Ninguém perguntava seu destino. Apenas ia em busca de sabe-se lá o que! Ia... O sorriso estava ou não nos seus lábios. Seus olhos eram puro desejo de encontro! Um cansaço causado pelas interrupções inevitáveis da vida: uma pausa, uma vírgula, um ponto e vírgula, uma interrogação! Palavra dita ou pensada gerava um movimento enérgico em algum sentido. Consequências no seu trajeto, no seu projeto, no seu aspecto! Dançava uma música, aquela que não se ouve na confusão de outras. Apenas no silêncio ela se propaga firme e clara em suas notas. Via-se de longe, pernas, pés, braços, corpo num movimento único cheio de música.

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Estante


Confesso. Eu tenho aquele amor tátil - pelos livros - votado aos cigarros. Tocar os livros, tê-los em meu poder por alguns instantes é algo que me alivia e me satisfaz momentaneamente. Claro, o meu desejo de devorá-los quase nunca é completamente saciado porque nas entrelinhas existem entrelinhas, espaços, lacunas, que são reticentes.

É um sentimento que não finda num primeiro contato. Há um processo de reconhecimento de campo: leio a capa, a contracapa, a introdução, o índice. Aí começo a leitura do texto do livro em si. Este é um caminho sem volta. Entro num mundo novo ou nem tão desconhecido onde as ideias buscam se entrelaçar produzindo algum sentido.

Palavras, conceitos, situações, emoções que de alguma forma alteram o meu modo de entender o mundo. Conheço pessoas, lugares, nomes; mas também invento tudo, porque o que mais se encontra em jogo é minha imaginação.

A cada leitura me reconstruo de tantas maneiras que já não defino o que em mim já possuía. Sou o que leio, o que penso, o que experiencio, o que sinto, o que vivo.

Mas aquele velho amor tátil, eu o mantenho, ou talvez seja ele que me mantém.

domingo, 2 de agosto de 2009

Sou eu...

À flor da pele, estão meus sentimentos mais intensos que reverberam em meu corpo estendendo-se à minha alma. Eu não sei se acontece o contrário. Se é do corpo pra alma ou da alma pro corpo. Sinto apenas o eco em mim. Meu coração, numa constante taquicardia, acelera meus movimentos, altera minhas feições, que às vezes me entregam, denunciando, aos mais sensíveis, o que eu sinto, o que eu gostaria de fazer. Meu rosto expressa tão claramente meus desejos, que se me olhar no espelho, acredito eu mesma, que concretizei todos eles e com tamanha perfeição.