quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Aos vivos


Hoje eu quero falar sobre o primeiro disco de Chico César. Sobre músicas que profundamente influenciaram meu pensar. O cd "Aos vivos" gravado ao vivo entre 24 e 26 de junho de 1994 em São Paulo e lançado em 1995. Queria estar lá. Tambores com apenas cordas - "são tambores os tambores" - de um violão. O primeiro impacto foi exatamente na primeira faixa do disco, Béradêro. Somente a voz cantando, falando dos "olhos tristes da fita rodando no gravador". Nela, as possibilidades de encontro da língua portuguesa brasileira ficam evidentes. Letras nas palavras nas formas na sequência mais inusitada. Nesse disco, conheci Mama África à primeira vista ao som de tambores percebi que alma não tem cor! É colorida! Uma dúvida cruel na prosa impúrpura do caicó. Saharienne, saharienne, saharienne. Benazir, mulher eu sei. Como clandestino nato num templo eu vi a dança. Paraíba. Foi ali que conheci Lenine, sua voz e seu violão. Que descoberta: Chico César e Lenine de uma vez é desconcertante, é muito!

"No meu cérebro crepita
uma dúvida martelo
minha alma se agita aflita
tragédia grega desdita
flagelo dor pesadelo"

(Dúvida cruel, de Itamar Assumpção e Chico César)
"Aos vivos" com participação especial de Lenine e do "legendário guitarrista" Lanny Gordin.
Observações: Esse disco é tão grande pra mim quanto pra meus irmãos e minha irmã. Foi um grande amigo que nos presenteou com essa beleza.

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Profusão de luzes e cores


Avesso Horas Proposta Vagão Trem Leitura Qualquer coisa Rabisco Paragem Espaço Nuvem Contêiner Armazém Goiabada Prosa Candeeiro Lampião Porteira Retrato Minas Em tanto Mas Então Céu Relógio Tempo Água doce Rio Combinação Alaranjado Lua Lunar Laranjeira Montanha Morena Digital Acalanto Essência Perfume Repente Interativo Então Remasterizado Zeroum Binário Paisagem Multidões Entremeios Cadência Cadenciado Embarcação Encanto Gerais de Minas das Gerais.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Palavra (En)cantada


Filme lindo. Um documentário longa-metragem (86 min), de Helena Solberg e Marcio Debellian. Um encantamento na cidade de encantos mil. Dia 30 de setembro, às 19 horas dentro do Festival do Rio. Essa foi minha experiência de deslumbramento passeando entre a música e a poesia, e a mistura delas.

"O filme conta com a participação de Adriana Calcanhotto, Antônio Cícero, Arnaldo Antunes, BNegão, Chico Buarque, Ferréz, Jorge Mautner, José Celso Martinez Correa, José Miguel Wisnik, Lirinha (Cordel do Fogo Encantado), Lenine, Luiz Tatit, Maria Bethânia, Martinho da Vila, Paulo César Pinheiro, Tom Zé e Zélia Duncan. Imagens de arquivo resgatam momentos sublimes de Dorival Caymmi, Caetano Veloso e Tom Jobim."

Haja fôlego para acompanhar tamanha beleza de depoimentos ricos em palavras cheias de sons e silêncios. A música brasileira. Poesia brasileira. Músicos, poetas, compositores, intérpretes, brasileiros. O instante entre a primeira imagem e o acender das luzes foi profundo e intenso. Melodia, ritmo, canto, poema, letras. O compositor é poeta? A letra de música é poesia? Pra que saber isso... O que importa é o que emociona, o que provoca sentimentos, o que aflora à pele, o que interrompe a respiração, o que nos leva a sentir os pés fora do chão. É o que faz esse filme com a gente... estarrece, emociona, ilumina! Um espetáculo.

Em preto e branco



Poucas pessoas na sala de aula improvisada para a exibição do filme. Era manhã de sábado e os rostos sonolentos demonstravam a animação dos alunos que por algum motivo estavam ali. "O Pagador de Promessas" em preto e branco. Qual o sentido de assistir àquele filme? O entusiasmo vinha espontaneamente daquela pessoa, a professora. Será que o motivo de tamanha euforia seria o significado de tal obra? Partindo de uma peça de Dias Gomes, Anselmo Duarte dirigiu o filme que foi até o Festival de Cannes e trouxe o Palma de Ouro em 1962.

Primeira foto: Geraldo D'El Rey e Glória Menezes em O pagador de promessas de Anselmo Duarte (1962).
Segunda foto: Leonardo Vilar em O pagador de promessas.