terça-feira, 11 de agosto de 2009

Estante


Confesso. Eu tenho aquele amor tátil - pelos livros - votado aos cigarros. Tocar os livros, tê-los em meu poder por alguns instantes é algo que me alivia e me satisfaz momentaneamente. Claro, o meu desejo de devorá-los quase nunca é completamente saciado porque nas entrelinhas existem entrelinhas, espaços, lacunas, que são reticentes.

É um sentimento que não finda num primeiro contato. Há um processo de reconhecimento de campo: leio a capa, a contracapa, a introdução, o índice. Aí começo a leitura do texto do livro em si. Este é um caminho sem volta. Entro num mundo novo ou nem tão desconhecido onde as ideias buscam se entrelaçar produzindo algum sentido.

Palavras, conceitos, situações, emoções que de alguma forma alteram o meu modo de entender o mundo. Conheço pessoas, lugares, nomes; mas também invento tudo, porque o que mais se encontra em jogo é minha imaginação.

A cada leitura me reconstruo de tantas maneiras que já não defino o que em mim já possuía. Sou o que leio, o que penso, o que experiencio, o que sinto, o que vivo.

Mas aquele velho amor tátil, eu o mantenho, ou talvez seja ele que me mantém.

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